domingo, 18 de maio de 2008

A POESIA NÃO MORRERÁ JAMAIS

A POESIA NÃO MORRERÁ JAMAIS



escrito por Francisco Simões



Neste dia 21/Março será comemorado mais um Dia Internacional da Poesia. Há pessoas que, de forma pessimista, comentam que a poesia estaria acabando. Isto significaria dizer que não mais estariam a surgir poetas neste mundo. Eu discordo.

Outro dia cheguei a puxar as orelhas de um amigo que se manifestou com uma convicção totalmente equivocada. Afinal, convivendo neste espaço virtual já há cerca de oito anos, tenho conhecido pessoas maravilhosas que se expressam em versos, claro, cada qual traduzindo os seus sentimentos em estilo próprio, mas fazendo da poesia o veículo para externar o que lhe vai na alma.

Felizmente a cada mês, a cada ano, surgem mais poetas, sim senhor. O que não ocorre é a devida divulgação dos que escrevem. Não pode ser desmentido que há um certo preconceito por parte de alguns que têm nas mãos o poder de divulgar ou não especialmente poetas novos, desconhecidos do grande público.

Mas, mesmo limitados aos espaços literários mantidos nesta internet, sabe-se bem com que sacrifícios tantos, não é muito difícil ler-se versos que mereciam chegar a muitos mais olhos, a estar em muitos mais livros que o elitismo de poucos, ou o "profissionalismo" de tantos recusa-se a reconhecer o seu valor.



No ano de 2000 um amigo cá de Cabo Frio (RJ), poeta dos bons, professor, teve a "audácia" de realizar o que chamou de "Maior Varal de Poesias do Mundo". Creiam, não era muita pretensão dele, não mesmo. Mais de 5.000 poesias foram escolhidas e expostas ao público em geral num imenso varal, autêntico, verdadeiro, no correr de quilômetros ao longo do nosso bonito Canal de Itajuru.

O poeta Mauricio Cardoso foi a cada Escola, conversou com muitos alunos, e seu esforço acabou por ser recompensado. Meninos e meninas se expressaram de várias formas perdendo o medo, ou a vergonha de provarem que dentre eles havia muita vocação para a poesia. Eu participei com 36 poemas apenas como convidado, já que o belo evento era voltado mesmo para a garotada estudante.

A Secretaria de Educação do município concordou em premiar a Escola com mais alunos participantes e também o jovem que mais poesias apresentou. Que maravilhosa festa em pleno Dia do Poeta, repito, no ano de 2000. Na entrega dos prêmios vieram à nossa cidade dois poetas do Rio que leram diversos poemas.

Tudo aconteceu às margens do Canal de Itajuru, que colaborou com o romantismo do evento não só num belo dia de sol, como naquela noite de lua cheia. Somente uma rádio local noticiou o fato. O tal Livro de Recordes, inglês, virou as costas à iniciativa também.

É como eu disse em 2001 em outro texto que escrevi sobre o Dia da Poesia: "A poesia está no ar, na Natureza, na mulher, no homem, na flor, na mão que se estende à caridade, na tragédia das guerras, na vida, enfim, na morte." Pois é, amigos, a poesia está no ar, está na vida, e mesmo na morte, com certeza.



Vou me permitir transcrever aqui parte do que me escreveu sobre minha crônica POESIA, em 2001, a querida amiga e poeta, de Bajé (RS), Sarita Barros:



"O ofício do Poeta é tentar vestir com letras a Poesia da Vida. Vestida, vira prisioneira e em sendo cativa perde o esplendor de quando era livre e sentia as pessoas, em vez de ser sentida por elas."

"A gravura de um pássaro não é o pássaro, o poema não é o que procura expressar. É o registro de um enfoque sobre o sentimento despertado quando a emoção é gerada, dentro ou fora de nós. O pássaro Poesia continua voando através dos séculos. O Poeta persegue o verso — sem palavras — para alcançar a Poesia. Esse é o paradoxo."



Estas são palavras de abertura do seu pequeno livro "Verso Universo Reverso", 1998. Sarita Barros, uma amiga, poeta, escritora, um encanto de mulher.

Encerro esta minha reflexão sobre este Dia da Poesia com estas palavras que estão no meu texto POESIA escrito no ano de 2001:



"Enquanto houver o mundo haverá a poesia, mesmo que o homem se tenha auto-destruído. Ainda que o poeta jamais tivesse se apercebido do luar a poesia estaria sempre ali. O mesmo vale para o pôr-do-sol, para a gota de orvalho, para a folha que cai, para a flor que desabrocha, para "a paz de uma criança dormindo", essas que são palavras do poetinha Vinícius de Moraes."



(Março / 2008)

Francisco Simões é escritor e poeta do Belém do Pará e vive no Rio de Janeiro - Brasil

Contacto com o autor: fm.simoes@terra.com.br

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